Silenciar… Buscar… Desatar “nós”… Criar laços de amor em si…

Há uma lenda Hindu que conta, resumidamente, que pelo fato do homem ter abusado da sua divindade, Brahma, o mestre dos deuses, resolveu retirar-lhe este poder divino e escondê-lo, mas não sabia onde seria impossível o homem reencontrá-lo! Reunindo em Conselho com outros deuses, foram dadas diversas sugestões, mas nenhuma parecia ser bastante boa, a ponto de tornar-se um lugar ideal para esconder este poder do homem.

Brahma decide receorrer à Sabedoria do Grande Deus Mahadeva, o Senhor Shiva, que brilhantemente dissertou:

“Eis o que vamos fazer com a divindade do homem: Vamos esconder nas profundezas dele mesmo, pois é o único lugar onde ele jamais pensará em procurá-la. O único caminho que o tornará capaz de reencontrar este poder será através de:

JÑANA (Conhecimento)!

Mas, para tanto ele precisará driblar o poder de:

MAYA (Ilusão) e de ANAVA (Egoísmo) e para isso terá que reaprender a controlar a mente e os sentidos, observando a Lei Divina do Karma (Causa e Efeito).

Então Brahma oredenou que fossem criados os primeiros Ashrams e as primeiras Escolas de Yoga e Meditação.

Mesmo assim, conclui a lenda… O homem continua dando voltas na terra, voando, explorando escalando, mergulhando e cavando, em busca de algo que se encontra dentro dele mesmo!”

E por isto, a máxima que está inscrita na entrada do templo de Delfos, “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”, atravessa os tempos e segue tão atual, verdadeira e coerente, refletindo o que muitos de nós busca. Parece que este é o caminho que muitos apontaram, expressando-se de diferentes formas, como sendo “O caminho”! Sócrates, por exemplo, corroborando em essência, com a linha de pensamento da Lenda Hindu, foi um grande defensor do autoconhecimento, e durante a sua vida dedicou muito tempo para tentar entender a sua própria natureza. Afirmou que nenhum indivíduo era capaz de praticar o mal conscientemente e propositadamente, mas que o mal era um resultado da ignorância e falta de autoconhecimento.

E esta é a importância do silenciar, introspectar, buscar em si respostas, caminhos, soluções…

Porque no silêncio residem infinitas possibilidades de abrir portas internas que talvez jamais se tenha aberto e iniciar diálogos internos nunca antes travados consigo próprio, num processo “auto maiêutico” onde você exercita a arte de parir-se a si mesmo, com mais Verdade, Amor e Transparência. É a arte de desatar “nós em Nós” e criar em “Si” um ambiente menos inóspito e mais acolhedor/harmônico de se “Com/viver”!

E é no silenciar em nós mesmos, no silêncio de nossa Alma que reconheceremos paradoxalmente, onde estamos nos perdendo de nós, olhando somente nossas necessidades (Anava) e nos distanciando da nossa Essência (Amor, Luz, Sabedoria…); reconheceremos onde estamos nos perdendo nos véus das ilusões (Maya), deixando de viver com a clareza, coerência e sabedoria, o que é essencial, o que tem real valor e que o tempo jamais surrupiará de nós! Vivendo de maneira atenta para que a marca deixada por nossos passos seja de impactos positivos na vida daqueles que cruzarem nossos caminhos (Lei Divina do Karma), como semeadura do Bem em nós, com colheita segura do Bem na estrada da Vida.

E tudo isto será possível de ser vivenciado, experimentado, segundo reza esta lenda hindu, através de JÑANA  “A ideia de jnana centra em um evento cognitivo que é reconhecido quando experimentado” – Parece que o “Conhecimento” passa pelo pensamento e sua ação concretizada, podendo assim avaliar/viver suas consequências, extraindo daí pensamentos outros que poderão levar a caminhos com colheitas mais doces e saudáveis.

Enfim, o conhecimento pode nos levar à ampliação da consciência de que uma forma de bem viver seria colocar em movimento consciente a energia do AMOR, como energia propulsora de Luz e Vida em Si e no outro!

 

Namastê! Ahow! Blessed be!

 

*(Este texto não teve/tem a pretensão de aprofundar a filosofia hindu, que é vastíssima, profunda e belíssima, da mesma forma com relação à filosofia socrática).

Vanessa M Brazil